Ércio Quaresma Firpe se tornou um ícone do Tribunal do Júri na atualidade. Seu talento especial para inquirições inclui um período na polícia e décadas na advocacia, alcançando a impressionante marca de aproximadamente quinhentas atuações em plenário. Ao todo, são cerca de trinta anos de experiência.

 

“A advocacia surgiu em um ato de amor de papai e mamãe”, diz descontraidamente quando indagado sobre a escolha da profissão. Cita casos rumorosos nos quais atuou, como o chamado “massacre” de Eldorado dos Carajás, o caso Dorothy Stang, e o processo envolvendo o goleiro Bruno, além da defesa do Bola.

O curso criado para ensinar táticas de atuação no júri, no qual compartilha sem receio riquíssimas experiências, surgiu devido à percepção de uma “carência de um produto voltado para a prática”. O conteúdo, segundo ele, é “uma conversa, uma terapia de grupo com vários advogados trazendo as suas experiências”.

Quaresma resume a ideia do curso: “O Sobral Pinto ensinou que a gente não pode ser covarde…eu digo que a advocacia não é profissão para aventureiros. O advogado no plenário, ele é protagonista, e o plenário é presença. O titular da prerrogativa é o advogado, o destinatário é o cliente”, lembrando a confiança e a esperança do cliente, além da indispensabilidade constitucional do advogado.

Especificamente acerca do sucesso profissional, afirma: “Sucesso é atingir um determinado status, ter um reconhecimento dos seus pares, um acolhimento da sua figura dentro da clientela”. Com humildade, diz: “Não sei se tenho sucesso na carreira, eu sou um cara apaixonado pelo que eu faço, e que há uma retribuição de reconhecimento daquilo que a gente leva a efeito nos tribunais (…) eu faço o meu, eu busco cumprir com a minha obrigação… o cliente me outorgou um instrumento de mandato, eu vou representa-lo até no inferno, fazendo por ele tudo o que a lei me permitir fazer…faço isso com muita, muita dedicação”.

Questionado sobre o quesito superação, recorda da dependência química e de ter sido flagrado em um vídeo fumando crack: “Não sou herói, sou exemplo de superação, de recuperação, de reintegração”, referindo-se ao privilégio de ter sido ouvido por 75 colegas de todo o Brasil nesta edição de seu curso, realizada em Londrina. Aliás, registre-se: Quaresma foi aplaudido em pé pelos participantes.

E falando sobre o que o permitiu superar aquela fase, responde categoricamente: “mulher e filho”, confirmando ser a estrutura da família. Ao falar da esposa, recorda ainda ainda que a considera também o “cérebro” do escritório.

Para quem está começando, Quaresma sugere com bom humor: “Primeiro, largue o curso de Direito para fazer Medicina”. E justifica: “é espinhoso, é difícil, é malvisto… principalmente nós advogados”. Sobre a incompreensão normalmente dirigida aos criminalistas, menciona inclusive de um caso de um inocente preso, em caso cuja palavra da vítima prevaleceu sobre o próprio exame de DNA.

A despeito dessas dificuldades, entende ser perfeitamente possível atingir o sucesso, ao menos para quem se capacita. Então, o que fazer para chegar ao sucesso no Direito? Como começar? Ele responde: “Estudar, estudar, estudar…se capacitar”. Quaresma lembra da quantidade imensa de informação na internet e a facilidade de acesso: “Hoje, tanto o seu programa, quanto o nosso canal, quanto outros por aí… você assistir quem faz, você vai ter um balizamento”. Ele confirma nossa realidade insofismável: “Você vai enfrentar um mercado altamente competitivo”.  Fala também do início da própria carreira: “Como é que eu surgi? Comecei fazendo júri de graça”. E da necessidade de encontrar o próprio diferencial e fazer a diferença: “Para você atingir um patamar de excelência em um mercado com que tem hoje, é estudar, se capacitar, para ser diferente, e fazer a diferença”.

O advogado ressalta, em especial para o júri, além dos já citados protagonismo e presença, outras habilidades necessárias ao advogado: “Criminalista não pode ter vergonha”, completando ao recordar que “júri não precisa de teatro”. Frisa a necessidade de um “Conhecimento técnico multidisciplinar”, citando balística, medicina legal, física, química, biologia, psicologia. Além disso, segundo ele, são exigidos “Arrojo determinação, coragem”. Fala também sobre a possibilidade de encontrar roteiros na internet, a partir da modelagem de peças processuais dos melhores profissionais. Mas adverte: “Não quero que você copie o habeas corpus do doutor Alberto Zacharias Toron não”, sugerindo ler as petições e os votos para “entender os argumentos dos ministros e construir uma petição sua”. Menciona ainda outras características, como curiosidade, interesse, compromisso, responsabilidade com o cliente. E arremata, com base em toda a possibilidade de se fazer uma boa pesquisa: “Não advoga bem hoje quem não quer”.

Sobre a gestão do tempo, mais uma vez ironiza: “Defina férias”, criticando a (real) dificuldade da advocacia, em especial para a área criminal, na qual os prazos somente param no que denomina “hiato efêmero” do recesso forense. Considera que “As férias são necessárias para o ser humano manter seu equilíbrio, manter a sua saúde”. E conclui: “O cidadão tem que começar a pensar que não é só ganhar dinheiro, não é só trabalho, tem que dar um jeito de descansar, de relaxar, porque esta profissão nossa é extremamente estressante”, citando os prejuízos causados pela fadiga inclusive para o próprio rendimento profissional. Faz referência também a uma viagem recente e a outra já marcada.

Com a peculiar paixão, brincando novamente com a “recomendação” pela Medicina, finaliza: “Não há profissão igual à de advogado (…) onde você enfrenta todo o poder estatal”, exemplificando com absolvições no Tribunal do Júri, as quais contrariam toda uma série de percepções estatais anteriores sobre a culpa do réu. Palavras suas: “Faça com paixão, faça com tesão, a porque a advocacia é espinhosa, mas é muito prazerosa”.

Mais sobre essa figura? É só procurar “Ércio Quaresma Firpe – Advogado Criminalista”, no Youtube.

Por Fabricio Almeida Carraro – advogado, mentor e coach de carreira jurídica

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Fabricio Almeida Carraro - Coach Jurídico (Formação em Coaching, Master Practicioner em PNL e Pós-graduação em PNL e Coaching) e Advogado formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL)

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