O que é Coaching Jurídico?

Muitas faculdades de Direito? Muita concorrência no mercado da advocacia e dos concursos públicos? Como está sua carreira jurídica? Você está exatamente onde gostaria de estar ou falta alguma coisa? Você está feliz com a sua carreira? Tem ou teve algum sonho “engavetado”? Tudo isso é objeto do Coaching Jurídico.

O que eu vi e vivi em 10 anos de Coaching e Coaching Jurídico


 

Mas antes de falar sobre Coaching Jurídico, vale comentar um pouco sobre o Coaching em geral.

O que é Coaching?

Está na moda falar em Coaching. Até na novela já apareceu.  Muitos coaches por aí, muitas formações em Coaching, caras, baratas, presenciais, pela internet. Coaching de emagrecimento, executivo, vocacional, de carreira, para concursos, esportivo, de propósito, de relacionamento.

No ambiente corporativo, são comuns promessas de sucesso inigualável, rápido e (às vezes) até fácil. Pessoas radiantes, felizes e contentes nas divulgações. Daquelas cujas imagens clichê são o terno e o notebook, comumente com pessoas sorridentes em reuniões corporativas em ambientes claros e sofisticados – como acontece também nas propagandas de pós-graduações.

O Coaching, desconhecido há poucos anos pela maioria dos brasileiros – em especial pelo pessoal do Direito – de repente surge como a novidade, a sensação, a panaceia, e fica bastante popularizado.

Coaching, em nossa definição, é uma metodologia em que o coach (profissional) destinada a ampliar a consciência do coachee (cliente) e delimitar ações concretas na busca pelos resultados e pelo sucesso deste. Para usar uma metáfora, é um “personal trainer” para a mente e para as atitudes. Tudo em um contexto de sigilo profissional.

Funciona com reuniões ou sessões periódicas e sequenciais, presenciais ou online, nas quais se busca ampliar a percepção do coachee (ou dos coachees, no caso de grupos e equipes), e são convencionadas ações direcionadas que em regra levam aos resultados pretendidos.

 

O que não é Coaching

Não é terapia, mentoria, hipnose, psicologia, conversa, psiquiatria, autoajuda, consultoria, bate-papo, aconselhamento, psicanálise, curso, aula particular…

A regulamentação do Coaching no Brasil

Não é regulamentada ainda no país a formação em Coaching. Tampouco a profissão depende do cumprimento de alguma exigência legal.

Muito embora já tenha sido apresentado projeto de lei (veja aqui http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=440915), ele acabou sendo arquivado, e ainda não há notícia de nova investida legislativa quanto à regulamentação da profissão.

Sobre o assunto,  nosso texto “O direito, o coaching e a novela” (https://fabalcarraro.jusbrasil.com.br/artigos/544948852/o-direito-o-coaching-e-a-novela) busca diferenciar a profissão de outras já regulamentadas, com as quais pode ser confundida.

 

O Coaching Jurídico

O público jurídico, até pouco tempo atrás em sua maioria refratário a conceitos e técnicas ligados à gestão, tem começado a virar sua antena para tais conteúdos, em regra ausentes nos cursos de Direito.

Talvez seja assim hoje porque a necessidade impõe. Com efeito, no Brasil atual se apresentam números estratosféricos de profissionais e de cursos de graduação. A concorrência se mostra cada vez mais acentuada, tanto no setor público quanto no setor privado. Veja o que diz Evinis Talon, que deixou a defensoria para advogar, em recente vídeo (aqui: https://www.youtube.com/watch?v=vfloMT82iAs) sobre o mercado jurídico de nossos dias.

Concurseiros se debatem com volumes desumanos de conteúdo exigidos pelos editais, e buscam maximizar as diversas habilidades necessárias à aprovação. Por sua vez, os advogados mais atentos já tratam os escritórios como empresas, de forma a não cair na mercantilização e respeitar a deontologia profissional. Professores, que também enfrentam dificuldades para encontrar e se manter em vagas no ensino jurídico e nos cursos preparatórios, procuram formas de se qualificar.

Nesse cenário, o Coaching se aproxima do Direito, com o intuito de maximizar a performance visando gerar resultados, juntamente com temáticas afins, tais como empreendedorismo, gestão financeira e de pessoas, inovação e tecnologia, etc.

Acadêmicos e profissionais do mundo jurídico procuram serviços de Coaching com os mais variados objetivos: definir com especificidade a vocação dentre as incontáveis opções que a carreira oferece; aprovação no Exame de Ordem e em concursos públicos; melhorar (ou mesmo implantar…) a gestão no escritório; equilibrar a carreira com as várias áreas da vida pessoal; conciliar as vidas forense e acadêmica; posicionar-se no mercado da advocacia e consultoria; ampliar os negócios; melhorar a inteligência emocional, a gestão do tempo, a organização pessoal e profissional; ministrar palestras e workshops, presencialmente e na internet; liderar com mais eficácia o pessoal do escritório, do gabinete ou do setor jurídico de empresas; se lançar a novas áreas do Direito; desenvolver a oratória e a postura em audiências, sustentações orais, no Tribunal do júri; dentre tantos outros objetivos.

Mas o Coaching realmente funciona? Traz mesmo resultados rápidos e duradouros?

Vamos buscar respostas.

 

Coaching Funciona?

As respostas dependem do coach, do coachee e da própria meta a ser alcançada. Ou seja: sim, não e talvez.

O profissional de Coaching, para ser competente e efetivamente ajudar o coachee, precisa de várias habilidades: ética profissional, escuta ativa, estabelecimento de confiança, preservação do sigilo profissional, manejo das inúmeras ferramentas e técnicas de Coaching, etc.

Mas em especial deve dominar e demonstrar uma habilidade: atenção ao cliente e às suas metas. Coaching é sempre sobre o cliente, e não sobre o profissional. O coachee é o principal, o coach é o acessório. O coachee entra em campo, o coach é o treinador – como o nome traduzido sugere.

Já o cliente, para alcançar os resultados, precisa ampliar sua consciência e assumir a responsabilidade. Aqui vemos os dois pilares do Coaching. Ampliar a consciência depende em grande parte do talento do profissional ao realizar as “perguntas poderosas”, como dizemos no Coaching. A ideia é próxima à da maiêutica de Sócrates, ou seja, questionamentos ao cliente para que ele chegue às suas próprias respostas (e não às do coach…), ampliando assim sua consciência sobre si mesmo e sobre a realidade à sua volta.

Sobre o pilar da consciência, no clássico e já icônico livro “Coaching para performance”, aponta o veterano do assunto John Whitmore:

“O primeiro elemento-chave do coaching é a CONSCIÊNCIA, produto de atenção direcionada, concentração e clareza.” (WHITMORE, John. Coaching para performance. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2006. Pág. 30)

Já a responsabilidade é a habilidade de responder, agir frente aos obstáculos, e não somente reagir, esperar ou reclamar. Na prática, é ter a atitude para realizar as ações concretas convencionadas em cada uma das reuniões profissionais com seu coach, para então perceber, discutir e desfrutar dos resultados alcançados.

Diz Whitmore sobre este segundo pilar:

“A RESPONSABILIDADE é o outro conceito ou objetivo básico do coaching.  (…) A responsabilidade é também fundamental para a boa performance. Quando verdadeiramente aceitamos, escolhemos ou assumimos responsabilidade por nossas ideias e ações, nosso compromisso com elas aumenta, tal como nossa performance.” (idem, pág. 34)

A meta a ser trabalhada, por sua vez, deve ser traçada a partir de critérios técnicos, ter dentre outras características o realismo e a especificidade, com ferramentas como (V)GROW, A.C.E.R.T.E., SMART, Boa Formulação de Objetivo segundo a PNL, Estratégia de Disney e tantas outras.

Então, repete-se a pergunta: Coaching funciona? A resposta vai depender destes três fatores: do coach, do coachee e da meta. As técnicas e ferramentas são relativamente simples – o que não significa que empreender as ações seja fácil. Assim como emagrecer, passar na OAB ou em concurso demandam (às vezes muito) esforço. Costuma ser assim também com outras metas que se apresentam a partir da individualidade de cada coachee.

Em resumo, por que Coaching funciona em alguns casos e em outros não?

Às vezes não dá certo por limitações do profissional, porque nem sempre o coach consegue compreender a idiossincrasia de cada cliente ou utilizar a técnica ou ferramenta certa no momento certo. Cada pessoa é única, e o bom coach sabe que não existem padrões para o ser humano. Por isso nem sempre é fácil compreender aquela pessoa em nosso escritório. O coach precisa desenvolver muito a atenção e o foco no cliente à sua frente.

Em outras vezes porque o coachee, ao se deparar com os desafios de sair da “zona de conforto” (que nem sempre é confortável, aliás), simplesmente desiste ou não faz o que fora combinado. E lógico, consequentemente não tem resultados.

Em alguns casos porque aquela meta, por exemplo, é irreal, ou depende de pouca intervenção de um coach, e mais de algum outro profissional a ser sugerido por este – como aliás prevê o Código de Ética profissional do Coaching. Há ocasiões em que o cliente precisa de um terapeuta ou de um consultor em marketing jurídico, por exemplo. E é papel do coach direcioná-lo nesse sentido.

Em suma, com um coach bem preparado, um coachee disposto e metas bem estipuladas, os resultados costumam sim aparecer.

 

Quinze anos de Direito e dez anos de Coaching depois

Em mais de quinze anos trabalhando com Direito, no âmbito forense e no meio acadêmico, e mais de dez trabalhando com Coaching, já vi o método funcionar e também vi não funcionar.

Sofri como recém-formado. Trabalhei bastante de graça e levei muito não e muito calote na advocacia. Quase larguei o Direito, por várias razões, e para isso fui fazer formação e pós em PNL e Coaching. Acabei “me encontrando” no Direito e resolvi ficar com as duas profissões, Direito e Coaching. Ou seja, para mim funcionou o Coaching com PNL, e hoje eu gosto muito de trabalhar com o Direito – à minha maneira.

Assim, conciliando as duas áreas, por estar no front do Direito e trabalhar com Coaching, surgiu o Coaching Jurídico nos moldes em que atuo.

Como já disse, em alguns casos não funciona, mas isso é exceção.

O que posso afirmar, depois de dez anos atendendo coachees e praticando autocoaching (usando as técnicas na própria pele), conciliando a carreira jurídica com a atuação em Coaching (principalmente para o pessoal do Direito), é que na grande maioria funciona. Há situações em que a questão proposta pelo cliente demanda uma ou duas reuniões apenas, como por exemplo encontrar um direcionamento na carreira ou se preparar para atuar com excelência em um julgamento difícil específico. Há outras a demandar uma preparação em algumas reuniões, mas para ser praticada e desenvolvida no longo prazo, tais como a aprovação em concurso ou na OAB ou melhorar a gestão do escritório.

Em resumo, vale a pena contratar um coach? Sim, se este for bem preparado. É importante buscar referências do profissional. E também é importante o cliente estar preparado para às vezes fazer o que não quer para chegar onde quer. Em um paralelo, ninguém emagrece comendo fast food todo dia e sendo sedentário. Da mesma forma, ninguém passa em concurso sem estudar. Não tem moleza, não adianta se iludir com promessas de resultado fácil. Coaching é para os fortes, e não para os fracos. Não adianta ter o melhor coach do mundo e não ter atitude. Pode até ajudar um pouco, mas não transforma. E o que realmente importa é a transformação.

Coaching de verdade é como uma dança em par: para dar certo, depende de os dois estarem dançando corretamente e em harmonia.

Coaching em grupo e em equipe também: todos devem estar na mesma vibe, em sinergia e dispostos a pagar o preço do sucesso. Como diz Gerônemo Theml, que deixou de ser Advogado da União para ser coach: “o sucesso exige mais”.

Autocoaching também funciona. Se você ainda não está preparado financeiramente e em termos de coragem para ter um treinador focado em seus resultados, busque praticar por ora “na raça”. Baixe nosso e-book, uma média do que é mais importante para o “povo do Direito” em geral neste link.

Deixe dúvidas ou comentários. Quais os desafios do Direito hoje e quais as soluções? E o que o Coaching Jurídico tem a ver com isso? Vamos buscar respostas juntos.

Do ponto de vista do Coaching e da PNL, sucesso significa alcançar o que se quer.

Então, sucesso! Seja lá o que for “sucesso” para você!

Referências bibliográficas

WHITMORE, John. Coaching para performance. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2006.

Você também pode baixar o E-Book “Coaching Jurídico – Heróis do Direito” e conhecer quais são as 10 habilidades dos heróis do Direito hoje

 

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Author

Fabricio Almeida Carraro - Coach Jurídico (Formação em Coaching, Master Practicioner em PNL e Pós-graduação em PNL e Coaching) e Advogado formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL)