Origem filosófica e científica da iniciativa Heróis do Direito

Veja também o vídeo da aula relacionada a este texto, aqui:

Heróis cumprem leis e regras e vilões descumprem. Certo?

Nem sempre.

Neste texto, vamos buscar relacionar conceitos de herói e vilão, partindo de uma pesquisa científica originária do curso de Direito, remetendo às origens de Star Wars, até chegar a um enfoque prático do desenvolvimento humano.

Na verdade, a relação tratada não é só entre Direito e Star Wars: o estudo em si é multidisciplinar, e passa pelo Direito, pela Mitologia, pela Criminologia, pelo Coaching, pela Programação Neurolinguística, pela Psicologia Analítica, pela Psicanálise, etc.  A referência para a parte teórica mais densa estará mais adiante. Em resumo: partindo do Direito, indagando acerca das acepções jurídicas tanto de heróis quanto de vilões, passamos pela Mitologia, na qual chegamos à obra de Joseph Cambell e sua influência direta em George Lucas e consequentemente em sua monumental obra sobre batalhas travadas em uma galáxia distante.

Desde já advertimos: nosso propósito não é abordar aqui questões como totalitarismo versus democracia, Império versus rebeldes ou algo assim. E esta é uma abordagem bem diferente daquela do autor Cass Sustein relacionando ruptura jurídica e Direito Constitucional à saga, a qual pode ser conferida aqui.

Uma observação inicial: consideramos aqui vilão como equivalente a criminoso.

Nessa perspectiva, consideramos que o Direito brasileiro lança um olhar sobre ambos, heróis e vilões.

Com efeito, a lei 11597/07 trata dos “Heróis da Pátria” – a propósito, a lei 13433/2017 alterou seu texto, no qual agora constam, finalmente, “Heróis e Heroínas”. A lei faz referência ao Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, o qual “destina-se ao registro perpétuo do nome dos brasileiros e brasileiras ou de grupos de brasileiros que tenham oferecido a vida à Pátria, para sua defesa e construção, com excepcional dedicação e heroísmo”.

A seu turno, como sabemos, o Direito Penal considera criminoso quem infringe a lei penal. O critério jurídico de definição do criminoso, portanto, é a realização da conduta típica antijurídica culpável – admitindo-se a teoria tripartite.

Ocorre que, embora o Direito brasileiro pretensamente os defina, os conceitos de herói e de vilão não se mostram, por assim dizer, tão objetivos, racionais, cristalinos e bem divididos. Daí a ideia de buscar no plano multidisciplinar os critérios objetivos de definição de ambos.

Tudo começou quando comecei a questionar os conceitos. Lecionava Direito Penal e Processo Penal e advogava na área criminal há alguns anos. Já na formação em Coaching estudei a jornada do herói. Quando passei a lecionar História do Direito, percebi que personagens da História carregavam etiquetas de heróis ou vilões, e não encontrei critérios para tais etiquetas, a não ser os pontos de vista de quem os catalogava. Foi então que surgiu a ideia de realizar uma pesquisa científica.

E nesta pesquisa, cuja densidade acadêmica é devida à profª. Dra. Francisca Vergínio Soares (in memoriam) procuramos encontrar os critérios objetivos para ambas as figuras (o relatório final da pesquisa pode ser conferido aqui). Um dos anexos da pesquisa foi um artigo nosso publicado na Revista dos Tribunais Sul e replicado no Jusbrasil, de caráter multidisciplinar, utilizando especialmente as visões do Direito, da Criminologia e da Mitologia  (aqui). Também resultou da pesquisa que praticamente todos “somos vilões”, ou criminosos, conforme se lê no texto publicado aqui.

E esses rótulos costumam ser usados na vida comum. No cotidiano da prática forense, é corriqueiro, a depender do processo, advogados percebendo (consciente ou inconscientemente) o colega da parte contrária como vilão, e vice-versa. Também acontece entre promotor e advogado no processo penal ou em ações civis públicas, por exemplo. Juízes, delegados, policiais, políticos, todos podem ser avaliados como heróis ou vilões. Ou seja, em regra, os conceitos – ou rótulos mesmo – dependem do ponto de vista.

Aliás, uma das emblemáticas frases do Mestre Yoda é: “Muitas das verdades que temos dependem do nosso ponto de vista”.

Natural que seja assim. Afinal, o Direito trabalha ou pretende trabalhar com dicotomias como justo e injusto, legal e ilegal, devido e indevido, certo e errado, bem e mal…Nesse contexto, interessante trazer à baila trecho do texto de Bruno Amábile Bracco intitulado “O que a luta entre o bem e o mal em Star Wars pode nos dizer?”, publicado no Justificando:

“George Lucas apropriou-se de vários temas apresentados por Campbell. (…)  A visão de Campbell é, contudo, muito mais sutil e complexa do que a apresentada por George Lucas. Ao estudar as mais diversas manifestações mitológicas, Campbell percebeu: a jornada do herói não se resume a uma jornada em que o bem deve superar o mal, mas uma jornada em que bem e mal são transpostos, transcendidos. Os pares de opostos, diz, “são rochas em colisão, que esmagam os viajantes, mas pelas quais os heróis sempre passam”. E essa mudança de abordagem pode ter implicações gigantescas na forma como vemos o mundo e, por consequência, na forma como estruturamos nosso sistema jurídico. O combate entre bem e mal leva à crueldade, mesmo que perpetrada com as melhores intenções. O herói, que transcende as dualidades, abre espaço, sempre, ao perdão, simplesmente por reconhecer, primordialmente, o mal em si mesmo.” (grifos do original).

Resta possível concluir facilmente pela existência de muitas “verdades relativas” no mundo jurídico. E no Direito, muito do que trabalhamos tem ligação com a busca da verdade, seja ela “ficta” (paradoxal, não?) ou “real”. A propósito, falando em mitologia, para os antigos egípcios, a deusa Maat era ligada tanto à verdade quanto à justiça.

Esta relatividade, no mínimo pontual e casuística, entre o lado luminoso e o lado obscuro da “Força”, portanto, já por si só poderia levar a inúmeras indagações jusfilosóficas. Heróis e vilões, luz e trevas, têm, pois, relação íntima com o fenômeno jurídico, podendo tal relação metafórica ser explorada a cada caso concreto. Percebendo que nosso “lado”, ou do nosso cliente, nem sempre é tão “luminoso”, e o da parte adversa nem sempre é tão “negro”, podemos caso a caso caminhar rumo a uma tendência do Direito atual: a conciliação.

Até porque, se a solução extrajudicial não ocorre, como sabemos, referida relatividade deve ser solucionada pelo Judiciário, vez que o Direito, enquanto sistema, não possui lacunas, e o juiz ou órgão colegiado é obrigado a decidir entre o “certo” e o “errado” quando provocado, quando instado a tanto.

Pois bem. Até aqui o breve esboço teórico e embrionário sobre as reflexões ligando Star Wars e Direito, pois o propósito maior deste artigo é trabalhar o conceito de herói não sob o viés científico, mas desde a ótica do desenvolvimento humano. Mais precisamente a possibilidade de se aplicar os conceitos da jornada do herói à nossa carreira jurídica e, consequentemente, à nossa vida. E, claro, pela amplitude do tema, de forma bem resumida.

Na Psicologia Analítica de Carl Jung, autor sempre citado por Campbell, a figura do herói é uma estrutura arquetípica, uma realidade simbólica pertencente ao inconsciente coletivo, comum a todos nós. Ao seu turno, o vilão poderia ser considerado um aspecto da sombra, nossa parte negativa e, normalmente, oculta para nós mesmos, portanto também inconsciente.

Diz Jung em “Os arquétipos e o inconsciente coletivo”:

“O ato principal do herói é vencer o monstro da escuridão: a vitória esperada da consciência sobre o inconsciente. Dia e luz são sinônimos da consciência, noite e escuridão, do inconsciente.” (pág. 168)

Seriam esses o lado luminoso e o lado negro da Força?

Star Wars, psicologia e mitologia

A figura do herói se apresenta em termos mitológicos, universalmente presente, e em termos psicológicos, emanando do inconsciente coletivo, de acordo com Jung.

Segundo Joseph Campbell, um dos maiores estudiosos do mundo em matéria de mitologia comparada, a jornada do herói, ou o monomito, é uma jornada que apresenta os mesmos padrões, desde tempos imemoriais, nos mais distantes recônditos tribais do planeta, até as megaproduções dos blockbusters de Hollywood.

Não por acaso, sua densa obra científica influenciou ninguém menos que George Lucas, na criação da saga Star Wars.

Relata Campbell no livro Mito e transformação que Lucas o convidou para assistir aos filmes, os quais, “ele disse que seriam baseados nos meus livros, na ideia da jornada do herói.”. E concluiu o autor: “Consegui encontrar nos filmes o meu material, não resta dúvida” (pág.154). “Quando assisti a esses filmes, notei que Lucas usa sistematicamente os arquétipos que aprendeu nos meus livros – ele mesmo confirma isso.” (pág.155)

Inclusive, as entrevista concedidas por Cambpell para a série de televisão “O  poder do mito” foram produzidas no Rancho Skywalker. Veja a parte da entrevista que trata especificamente da jornada do herói aqui.

Há ainda um programa feito pelo mesmo jornalista que entrevistou Campbell, Bill Moyers, com o próprio George Lucas, abordando a mitologia de Star Wars, o link está aqui.

 

A jornada do herói

Afirma Campbell sobre a jornada na supracitada obra:

“É o que Joyce (James, escritor) chamou de monomito; uma história arquetípica que brota do inconsciente coletivo. Seus temas podem aparecer não só no mito e na literatura, mas, se tiver sensibilidade para tanto, na elaboração do enredo da sua própria vida.

A história básica da jornada do herói implica abrir mão do lugar onde você vive, entrar na esfera da aventura, chegar a certo tipo de percepção simbolicamente apresentada e depois retornar à esfera da vida normal.” (págs. 136/137)

Em poucas linhas: uma pessoa comum recebe um chamado para algo extraordinário, recusa incialmente, acaba aceitando, enfrenta terríveis provas e desafios, vence no final e volta para o mundo comum compartilhando as lições ou os resultados com os seus.

A jornada se baseia em uma sequência de doze passos, os quais podem ser resumidos a partida, iniciação e retorno. Se quiser conhece-los, veja aqui um vídeo curto (menos de 2 min)  que resume os passos.

E/ou assista aqui o vídeo do TED sobre a jornada (4:33 min).

E/ou leia este texto, destinado a criadores de roteiros, bem sintético também.

Contextualizando no plano do Coaching e do desenvolvimento humano: você já sonhou com resultados extraordinários, mas sabe que para chegar lá existem dificuldades e desafios a enfrentar? Então…

 

E os vilões?

Como não poderia deixar de ser, precisamos ao menos passar rapidamente pelo conceito de vilão.

Já existe uma densa ocupação científica por parte da Criminologia buscando analisar a existência ou não do “delito natural”, para usar a expressão de Garófalo. As principais conclusões, especialmente desde a Criminologia Crítica, são no sentido de o conceito de criminoso, a partir do conceito de crime, ser uma estrutura criada a partir de contextos sociais próprios, e portanto relativas e variáveis no tempo e no espaço.

Mas, para os fins deste texto, é suficiente abordar nossos “vilões internos”: procrastinação, desorganização, preguiça, inércia, apatia, medo, enrolação, autoengano, inveja, raiva, dentre outros de uma série de pensamentos, emoções e comportamentos que nos impedem de alcançar nosso sucesso, nossos resultados.

Na estrutura psicológica, como dito, os vilões internos podem ser compreendidos como partes da sombra.

Sobre o arquétipo da sombra, resume Campbell:

“A sombra é, por assim dizer, o ponto cego da natureza individual. É aquilo que não se quer considerar sobre si mesmo. (…) Nos mitos, a sombra é representada pelo monstro que deve ser vencido, o dragão. É o ser sinistro que vem do abismo e o enfrenta no instante em que você começa a descer para o inconsciente. É a coisa que amedronta de tal modo que você não quer descer. (…) A sombra é a sua parte que você não sabe que existe.” (Mito e transformação, pág. 99)

Em uma matéria intitulada “A jornada do vilão”, da revista Superinteressante, é feita esta mesma associação, quando se aponta que a sombra

“representa nosso lado obscuro, nossos sentimentos reprimidos. Sua função principal é desafiar o herói. O vilão, portanto, é a sombra.”(pág. 70)

Traduzindo para uma visão pragmática, no contexto do desenvolvimento humano, nosso herói interno, arquetípico, deve vencer nossos vilões internos, nossa sombra, nosso lado negativo. Além, é claro, dos desafios trazidos pelas ameaças externas.

No prefácio da obra “Coaching de grupo e de equipe”, aparece esta mesma ideia:

“No processo de mudança, os indivíduos precisam enfrentar seus demônios internos (em suas próprias mentes) e os demônios externos (vindos como ameaça daqueles ao seu redor). Novamente, existem modalidades de coaching que lidam com essas necessidades utilizando o Coaching em Grupo e intervenções 1-2-1.” (pág. X)

Simples assim. Vencer os vilões internos e as ameaças externas, em um verdadeiro SWOT (aqui, no texto do nosso blog sobre estratégia nas carreiras jurídicas). Mas, simples não é = fácil…

 

Heróis da vida real

Então, cada um de nós, pode ser metaforicamente o herói destinado a “matar um leão por dia”, como se diz por aí. Talvez como Hércules, vencendo o Leão de Nemeia. Claro, especialmente na carreira jurídica, que não está fácil pra ninguém…

Na prática, ter atitudes heroicas é vencer as próprias limitações, e encontrar nosso lugar próprio, dentro do conceito junguiano de individuação: partindo do autoconhecimento, não somente imitar ou adotar valores da sociedade ou de outras pessoas, mas nos localizar como indivíduos e trilhar um caminho profissional e pessoal customizado, que é só nosso, único e exclusivo.

Campbell, na emblemática obra “Herói de mil faces” afirma que é esta jornada metafórica que nos torna humanos, e não apenas “máquinas” de uma engrenagem social (ou “pilhas da Matrix”, em uma metáfora contemporânea):

“O herói, por conseguinte, é o homem ou a mulher que conseguiu vencer suas limitações históricas pessoais e locais e alcançou formas normalmente válidas, humanas.” (pág. 28)

E a façanha do herói, normalmente se conclui com o compartilhamento do aprendizado, da mudança, do “elixir” com o grupo. O herói, em suma, trabalha para algo maior, para ajudar a coletividade, a sociedade – para nós do Direito, com o privilégio de poder servir à Justiça. Em outras palavras, como diz Campbell:

“Não é a sociedade que deve orientar e salvar o herói criativo; deve ocorrer precisamente o contrário.”(O herói de mil faces, pág. 376)

Fato é que é possível perceber a jornada heroica como tema universal, bastante presente inclusive em nossa cultura de massa. Nessa ordem de ideias, calha citar uma passagem de Deepak Chopra. O autor, em “As sete leis espirituais dos super-heróis”, analisando o mundo atual, expõe:

“Não é coincidência que em nossa época os super-heróis dominem o ambiente cultural como nunca antes. (…) Super-heróis exploram os limites de energia e consciência, e nos permitem compreender melhor a nós mesmos e nosso potencial.”(pág. 16)

Também não por acaso, filmes sobre super-heróis estão entre as maiores arrecadações em bilheteria da atualidade.

Heróis, Coaching e PNL

Para o Coaching precisamente, interessa a metáfora a ser adotada na própria vida, na carreira, enquanto aquela pessoa chamada a enfrentar uma série de desafios rumo a um objetivo maior, e ao final logrando êxito e compartilhando com seus próximos.

Nesse contexto, a metáfora é trazida para o mundo real através justamente do Coaching. Segundo Paulo Brandoldt e Antonio Brito:

“A jornada do herói é uma metáfora clara e captura a grande parte da realidade que líderes e executivos têm de enfrentar. Ela se dá quando estas pessoas procuram construir o caminho para um futuro de sucesso e se confrontam com as incertezas de mudança.” (Apostila de formação em Coaching, pág. 97.)

Ou seja, nesta abordagem, o coach ajuda o coachee a criar uma metáfora para sua vida e sua carreira, onde a busca pelo sucesso muito provavelmente dependerá de esforços heroicos.

Na PNL, estuda-se a técnica da metáfora isomórfica, na qual se cria uma história para ajudar o cliente nas soluções de seus problemas:

“Uma metáfora isomórfica, altamente utilizada com fins terapêuticos dentro e fora da PNL, descreve de forma simbólica a situação problemática ou características do cliente.

Após a identificação do problema de um cliente e da sua situação contextual, estrutura, script, característica pessoal, personagens implicadas, há que encontrar uma situação e personagens isomorfas.” (https://www.josefigueira.pt/2011/11/01/metaforas/)

Além destas técnicas voltadas para o sujeito, do ponto de vista da orientação de seu inconsciente, de sua mente e de suas ações, a PNL também pode ajudar a partir de um reforço baseado na modelagem. A modelagem é o início da PNL em si: Richard Bandler e Jon Grinder iniciaram esta fantástica modalidade de conhecimentos e técnicas partindo da premissa de que se alguém pode alcançar a excelência em alguma habilidade, sua estratégia pode ser aprendida e reproduzida.

A modelagem é uma técnica bastante avançada e detalhada. Mas para os fins propostos neste trabalho podemos resumir que  consiste em encontrar algum ou alguns modelos de figuras proeminentes na profissão, e buscar se inspirar (e não simplesmente imitar) em algumas de suas crenças, ideias, habilidades para perseguir os próprios resultados extraordinários.

Ou seja, há duas figuras de herói que podem ser manejadas: uma em nossa própria estrutura psicológica, e outra em pessoas que admiramos, neste caso figuras renomadas do mundo do Direito ou mesmo dos esportes, das ciências, do mundo corporativo, etc.

Aplicando essas ideias na prática, estamos trabalhando, de certa forma, em termos mitológicos, pensando “fora da caixa”, muito além do racional. Na interpretação de Campbell, cada uma das conquistas sucessivas na vida pode ser encarada como uma jornada heroica própria. O autor usa o termo em inglês bliss, que algumas vezes é traduzido como bem-aventurança, e em outras como felicidade, dita, entusiasmo:

“A jornada do herói é uma jornada de padrões universais mediante a qual essa radiância se mostra com todo seu esplendor. O que julgo ser uma boa vida é aquela com uma jornada do herói após a outra. Você é chamado diversas vezes para o domínio da aventura, para novos horizontes. Cada vez surge o mesmo problema: devo ser ousado? Se você ousar, os perigos estarão lá, assim como a ajuda e a realização ou o fiasco. Existe sempre a possibilidade do fiasco.

Mas existe também a possibilidade da bem-aventurança.” (Mito e transformação, pág. 156)

 

Coloque em prática: é simples (mas não fácil!)

Após esta breve introdução, por que não usar essa ideia tão simples e tão poderosa a nosso favor?

O exercício prático é o seguinte: aproveite para fazer um pouco de autocoaching respondendo para você mesmo, por escrito (isso é importantíssimo) e sinceramente (isso também) às seguintes perguntas:

  • Você está exatamente onde gostaria de estar  em sua carreira jurídica (e em sua vida)?
  • Quem você é e quem você quer ser no mundo jurídico?
  • Qual o seu “chamado à aventura” no Universo do Direito? Qual resultado extraordinário você sonha alcançar?
  • Quem são os “vilões” (internos) quem estão te impedindo de chegar lá?
  • Como vencê-los? De quais habilidades (“superpoderes”) você precisa?
  • Quem é seu “herói” no Direito e o que você pode aprender com a história dele(a)? Ou, melhor ainda, no plural: deles (delas)?
  • Quais são as três (ou mais) principais habilidades e/ou características dele(s)(as) que você poderia adquirir ou melhorar para atingir o próximo nível na sua carreira jurídica?
  • Você já se sentiu como se tivesse realizado alguma “façanha heroica” em algum momento da carreira jurídica (e/ou da vida)? Quais fatores levaram a esta vitória? Eles ainda estão disponíveis para serem utilizados na busca do seu próximo nível?
  • Quando você vai “aceitar o chamado” à aventura? Quem ou o que vai ajudar? Quem ou o que vai atrapalhar? Qual será o maior desafio? Qual a sua melhor característica, seu maior poder a ser manejado na jornada? Qual propósito vai garantir que você terá a disciplina para seguir adiante até conseguir? E, principalmente: como você se sentirá quando chegar lá, e o que dirão as pessoas ao seu redor?

Caso queira um conteúdo de desenvolvimento humano ou autocoaching mais abrangente, aplicado à carreira jurídica e iniciando com a jornada do herói, confira em nosso E-book, que pode ser baixado gratuitamente aqui.

Finalizando, fique com uma frase de Shakespeare, que nos inspira a ter coragem de seguir nossas buscas mais intensas, apesar do preço a ser pago: “… Heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências.”

E também com uma do Mestre Yoda: “Faça ou não faça. A tentativa não existe.” Sob o prisma do inconsciente, a palavra “tentar” permite ao nosso cérebro aceitar (e  atrair?) tanto o sucesso quanto o insucesso. Enfim, falta dar o próximo passo rumo ao seu objetivo, seu sonho, sua meta? Reflita sobre o que disse Yoda, e bora pra atitude. Simplesmente faça.

Por Fabricio Almeida Carraro, treinador jurídico e advogado.

 

Referências bibliográficas

BATAGLIA, Rafael. A jornada do vilão. Revista Superinteressante. São Paulo. Edição 408, outubro de 2019.

BRACCO, Bruno Amábile. O que a luta entre o bem e o mal em Star Wars pode nos dizer?. Disponível em: http://www.justificando.com/2016/01/22/o-que-a-luta-entre-o-bem-e-o-mal-em-star-wars-pode-nos-dizer/ (Acesso em 16/12/2019)

BRANDOLDT, Paulo Ricardo. BRITO Filho, Antonio.. Formação e Certificação em Coaching. Apostila do Curso de Formação e Certificação em Coaching. Indesp – Instituto de Desenvolvimento Pessoal. Vitória, 2008

CHOPRA, Deepak. As sete leis espirituais dos super-heróis. Trad. Alexandre Martins. São Paulo: Lafonte, 2012.

CAMPBELL, Joseph. Mito e transformação. Organização e prefácio de David Kudlar. Trad. Frederico N. Ramos –  São Paulo: Ágora, 2008. (As obras reunidas de Joseph Cambell)

CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. Trad. Adail Ubirajara Sobral. São Paulo: Cultrix, 1997. Editora Segmento. São Paulo, 2008.

HALL, L. Michael. Coaching de grupo e equipe: meta-coaching. Tradução Tatiana Silva Hiramatsu. 1 – ed. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 2017.

JUNG, Carl Gustav, 1875-1961. Os arquétipos e o inconsciente [tradução Maria Luíza Appy, Dora Mariana R. Ferreira da Silva]. – Perrópolis, RJ : Vozes, 2000.

 

 

Author

Fabricio Almeida Carraro - Coach Jurídico (Formação em Coaching, Master Practicioner em PNL e Pós-graduação em PNL e Coaching) e Advogado formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL)

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